O Testemunho de Simão sobre as Juntas Médicas em Portugal

As Juntas Médicas em Portugal continuam a gerar controvérsia, sobretudo devido ao impacto que têm na vida de muitos cidadãos. Simão, residente em Tomar, partilha o seu testemunho, expondo os desafios, injustiças e a falta de empatia do sistema actual.

Uma Experiência Marcada pela Adversidade

Desde dezembro de 2023, Simão tem enfrentado dificuldades relacionadas com a sua condição de saúde, inicialmente diagnosticada como burnout e, posteriormente, confirmada como depressão. Recentemente, encontra-se sob avaliação para um possível stress pós-traumático. No entanto, os entraves encontrados no sistema das Juntas Médicas agravaram ainda mais a sua situação.

“Deixaram de me pagar as mensalidades da baixa médica porque me informaram que existe um quadro para cada patologia, que define quanto tempo demora a cura. Isto é simplesmente absurdo”, relata Simão. Durante sete meses, ficou sem receber qualquer valor, levando a penhoras nas suas contas e a uma crise financeira tão severa que chegou a não ter dinheiro para comer ou para o combustível necessário para comparecer às Juntas Médicas.

Quando finalmente recebeu os pagamentos em atraso, o valor ficou aquém do esperado, em parte devido às penhoras. “Recebi uma miséria e, agora, já vão dois meses sem receber nada. Este sistema é uma verdadeira desumanização.”

Críticas ao Modelo Actual

Simão destaca a falta de respeito pelo trabalho dos médicos que acompanham os doentes. “O médico que diagnostica e acompanha o doente é quem melhor entende a sua condição. Contudo, as Juntas Médicas ignoram completamente este acompanhamento, baseando-se em decisões tomadas em poucos minutos por profissionais que não conhecem a história clínica do doente.”

Ele também critica a burocracia excessiva e os custos indirectos associados ao sistema. “As Juntas Médicas representam um enorme desperdício de recursos. Os custos com equipas, deslocações, subsídios e outras despesas podiam ser melhor aproveitados para apoiar quem realmente precisa.”

Propostas para a Reforma do Sistema

Simão acredita que a solução passa por confiar mais nos médicos de família e nos profissionais que acompanham directamente os doentes. “As Juntas Médicas, tal como existem hoje, nem deveriam existir. É necessário apostar num sistema que priorize os exames e relatórios dos médicos que acompanham os casos diariamente.”

Ele também propõe que os recursos actualmente utilizados nas Juntas Médicas sejam redireccionados para melhorar os serviços de saúde e apoiar de forma eficaz os doentes. “Chega de burocracias desnecessárias. O foco deve estar em ajudar os doentes a recuperar e a manter a sua dignidade.”

Um Apelo à Mudança

No final do seu testemunho, Simão faz um apelo urgente à mudança. “Não podemos continuar com um sistema que trata os doentes como culpados ou como números. É urgente reformar as Juntas Médicas e devolver aos doentes o respeito e a dignidade que merecem. Espero que a minha experiência possa contribuir para dar voz a muitos outros que enfrentam situações semelhantes.”

Com testemunhos como o de Simão, torna-se evidente que o actual modelo das Juntas Médicas precisa de ser repensado. A esperança é que estas vozes inspirem a criação de um sistema mais justo, humano e eficiente.

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